Há um mistério insondável nesse encontro de olhares. Mãe e filho. Amamentação. Ato de suprema entrega. Momento de divina doação, entrelaçando doces e infindos desejos, sem identificação de um único. Harmonia plena... ternura...ardor. Inconsciente integração do inexplicável, que se traduz na similaridade do Divino Amor.
(Alice Capel)

Imediatamente minha cabeça voltou em 2009; fiz um projeto de lei que eu achava maravilhoso, afinal, pesquisei por mais de uma semana tudo que se referia ao assunto, fiz uma justificativa de três folhas, colocando tudo e mais um pouco, só faltei desenhar no papel e tudo. O projeto que me refiro autorizava o executivo a conceder licença de seis meses às gestantes funcionárias da prefeitura municipal, concursadas, terceirizadas ou de confiança, inclusive as que viessem a adotar.
Os vereadores elogiaram, discursaram e eu, marinheiro de primeira viagem, me senti o máximo...
Na minha cabeça só passava a imagem das minhas colegas da enfermagem e outras funcionárias que trabalhavam comigo. Lembrava dos maridos levando os bebês para as mães trabalhadoras amamentarem no pronto-socorro, naquele local, totalmente inadequado para um serzinho com o sistema imunológico ainda em formação. Fui coordenar o PSF justamente para cobrir a licença a gestante da Enfermeira Fabiana. Como que uma mãe enfermeira que sabe da necessidade da amamentação, por pelo menos seis meses, e tem de retornar ao serviço no quarto mês de vida do seu filho poderia trabalhar tranquila? Acompanhei toda a ansiedade que este fato gerou a ela na ocasião e, posso garantir, não foi pouca. E quantas mais terão de passar por isto?
O estudo de impacto financeiro na época provava a viabilidade do projeto. Na justificativa, demonstrei, através de pesquisas de revistas científicas, todas as vantagens da amamentação por pelo menos seis meses. O ato de amamentar firma o elo entre mãe e filho, nos primeiros seis meses a criança ainda não tem imunidade contra as doenças, sendo passado pelo leite materno e, entre outras razões, pesquisas apontam que crianças amamentadas no seio materno são mais sociáveis, menos delinqüentes e a probabilidade de depressão e suicídio são bem menores comparada com as quais não são amamentadas e etc.
Para minha frustração, os inúmeros motivos não foram suficientes para convencer o executivo da época que vetou o projeto. Mesmo assim, acreditei que ele enviaria o projeto direto do seu gabinete, o que também nunca aconteceu.
Já protocolei uma moção de apelo pedindo para que o Prefeito Dr Marcelo Bustamante mande este projeto para a câmara municipal, pois mais importante do que vir do legislativo ou do executivo é o direito das mães de serem mães e, a amamentação por pelo menos seis meses é um direito dos filhos das nossas mães trabalhadoras. Espero que ele atenda este apelo e leve o bônus de ser o primeiro prefeito da região metropolitana do Vale do Paraíba a conceder esse direito às funcionárias públicas e que seja seguido pelo bom senso dos outros prefeitos da região.
A todas as Mães Maravilhosas, que Deus as abençoe sempre mais. Feliz dia das mães.
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