Perde-se no tempo a origem das feiras livres; alguns estudiosos afirmam que em 500 a.C. já havia feiras no Médio Oriente, nomeadamente em Tiro e Sidon. Também eram conhecidas entre os Gregos e Romanos. Mercadores de terras distantes juntavam-se, trazendo os seus produtos para troca por outros. A história da humanidade está repleta de referências às feiras, relacionando-as ao comércio e às festividades religiosas de dias santos, daí deriva a palavra latina feria, que significa dia santo, feriado, que deu origem à palavra portuguesa feira, à espanhola feria e à inglesa fair.
Na Bíblia Cristã, há referência das feiras e até da fúria de Jesus Cristo com os mercadores como coloca São Marcos (11:17) quando diz que: “ ... chegaram a Jerusalém, e, entrando no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambistas e os bancos dos vendedores de pombos, e não permitia que se transportasse qualquer objeto através do templo”.
A Europa do século XI saía do feudalismo, no qual as pessoas viviam em territórios limitados, produzindo tudo o que precisavam, sendo que quando algo faltava, conseguiam-no através de trocas.
Durante as Cruzadas, reabriram o caminho pelo mar mediterrâneo e possibilitaram aos europeus um maior contacto com o Oriente, de onde traziam mercadorias raras e exóticas (cravo, canela, pimenta, seda, porcelana), cobiçadas na Europa e, assim, se deu o renascimento comercial e a volta do dinheiro que estava, até então, em desuso. Dessa forma ocorreu o renascimento das cidades (cercadas por muralhas chamadas burgos) e esses produtos eram vendidos nas feiras. Esses comerciantes, iniciando um processo de capitalização, passaram a ser denominados burgueses.
O registro da primeira feira em Portugal data de 1229, tornando-se tradicional em todo o país e trazida por eles desde os primórdios da colonização do Brasil e, aqui, também se transformou em uma tradição em nossas cidades. Em muitos lugares no interior do país elas são o principal e, às vezes, o único local de comércio da população. Muitas vezes elas funcionam também como centros culturais e de lazer.
Com o passar dos anos, o número de feirantes foi aumentando e o poder público interveio com o objetivo de disciplinar, fiscalizar e, é claro, cobrar os impostos.
Eu, particularmente, gosto muito do visual colorido das frutas e barracas das feiras que se misturam com os diversos tipos de sons e cheiros; pessoas circulando de um lado para outro, conversando, escolhendo os produtos, pechinchando e os feirantes chamando atenção para os seus produtos, sempre com a famosa frase “MOÇA BONITA NÃO PAGA, MAS TAMBÉM NÃO LEVA”, onde tudo parece ser uma deliciosa confusão organizada funcionando a tempo e lugar certos.
Como de costume, vou à feira, fazer minhas pechinchas (amo os pacotinhos de um real), comer um delicioso pastel com guaraná caçulinha (não sei quem inventou isso, mas parece que é mais uma tradição na feira, todo mundo come pastel com caçulinha), conversar com as pessoas e os feirantes que são nossos amigos e tem até clientela fixa.
Eles se uniram e me pediram para, através da câmara municipal, pedir ao nosso prefeito, através do setor de tributação, a revisão e redução do ISS (Imposto sobre serviço) que, na maioria dos casos, sofreu um aumento de mais de 100%.
Dessa forma, apresentei na sessão do dia 13 de setembro a moção de apelo nº 308, aprovada por unanimidade de votos, pedindo a reavaliação e redução desse imposto, uma vez que, além do trabalho árduo que começa muito antes do nascer do sol e da grande concorrência dos mercados e super mercados que também oferecem os mesmos produtos, diminuindo a margem de lucro, ficou inconcebível pagar um tributo tão elevado e, alguns, até já desistiram da atividade que é o sustento de muitas famílias, não apenas da nossa cidade, como de cidades vizinhas também. Isso sem contar as condições de trabalho, pois ainda não dispomos de sanitários adequados (outro pedido meu), obrigando-os a pedir nos bares locais para fazer uso. Assim, reforço através dessa coluna, o pedido de redução desse tributo ao nosso executivo que, através de mim, representa o pedido de dezenas de trabalhadores e centenas de pessoas que tem seu sustento nessa honesta, digna e tradicional atividade. E você, minha querida dona de casa, que não tem o costume de ir a feira livre, comece a freqüentar a feira do centro ou do seu bairro, pois além do convívio com as pessoas, você aprenderá a arte da pechincha e de quebra ainda aumenta o ego e melhora a auto-estima com os elogios, pois é um lugar que todos irão te chamar: Moça bonita, moça bonita!
Um comentário:
...E vc querido, quando vai começar o regime. Parabéns pelo artigo, moço bonito rsrsrsrs!
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