“A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto à obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!”
Florence Nightingale
A enfermagem como profissão evoluiu muito através da história. As práticas eram associadas ao trabalho feminino devido à maternidade desde os primeiros grupos nômades. Na antiguidade, as referências do trabalho eram com relação à assistência ao parto e ao trabalho nos templos junto aos sacerdotes com as práticas místico-religiosas de cura através de rituais. Na Grécia antiga, depois dos estudos indutivos de Hipócrates, baseado na inspeção e observação e de que a doença não era castigo de Deus (ou dos deuses) e sim resultado da ação e reação do homem com a natureza, modificaram as práticas assistenciais. Na idade média, conhecida como a idade das trevas, há um retrocesso dessas práticas, voltando às concepções místicas e atribuindo as doenças como a lepra, ao castigo divino, sugerindo que era devido ao pecado pelo contato entre os corpos; em outros casos como a esquizofrenia, por ouvir vozes, os loucos eram condenados à fogueira, como forma de matar o demônio que ocupava aqueles corpos. A peste negra e outras epidemias dizimavam sociedades inteiras, levando a preocupação de que algo (fora o divino ou o diabólico) era a causa das doenças, surgindo os primeiros hospitais, hospícios e asilos, sendo os doentes cuidados por religiosos católicos, O tratamento baseava-se em cuidados básicos de higiene, alimentação e conforto espiritual, fato que influenciou nossos hospitais até nos dias atuais, com a presença das freiras nas nossas Santas Casas (enfermeiras e professoras competentíssimas por sinal). Nessa época, o embrião da enfermagem moderna começava a desenvolver com trabalhos sistematizados e rotinas de cuidados, porém, um fato histórico causa o que conhecemos como período negro da enfermagem, esse fato foi A Reforma Religiosa. Nesta fase conturbada da história, alguns Reinos (países) expulsaram os religiosos católicos dos já carentes hospitais, substituindo-os por degenerados que, como forma de punição, tinham de cuidar dos doentes. Homens, mulheres e crianças usavam as mesmas dependências e viviam amontoados uns sobre os outros.
Após a revolução bacteriana de Louis Pasteur e com o advento da Revolução Industrial e o capitalismo crescente, as preocupações com a saúde da classe operária, que estava florescendo, fizeram com que, sob a visão político-econômica, a sociedade do final do século XVIII e início do XIX exigissem novas políticas de saúde, nascendo assim a enfermagem moderna. Em 12 de maio de 1820 (Dia do Enfermeiro), nasceu Florence Nightingale, em Florença na Itália. Filha de ingleses, Florence Nightingale possuía inteligência incomum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança, além de dominar o inglês, francês, alemão, italiano grego e latim. Estudou as atividades das irmãs católicas em Roma e, decidindo servir a Deus, trabalhou em Kaiserswert, na Alemanha, descobrindo seu amor pela Enfermagem. Em 1854, a Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Criméia. Os soldados acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de mais de 40%.
Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais, organizaram os hospitais de campanha e a mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e a imortalizaram como a "Dama da Lâmpada" porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contraiu tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, levou uma vida de inválida, porém, por seus trabalhos, recebeu um prêmio do Governo Inglês, iniciando, o que para ela, é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem - uma Escola de Enfermagem, fundando a primeira em 1859 no Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente, no mundo inteiro.
No Brasil, no período colonial, grupos de escravos foram os primeiros a prestarem cuidados nos domicílios junto com os religiosos e na nossa colonização, desde o início foi incluída a abertura das Casas de Misericórdia, que tiveram origem em Portugal, sendo a primeira fundada na Vila de Santos, em 1543. No dia 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na Cidade de Cachoeira, na Província da Bahia. Casou-se com Isidoro Antonio Nery, enviuvando aos 30 anos. Seus dois filhos, um médico militar e um oficial do exército, são convocados a servir a Pátria durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). Anna Nery não resiste à separação da família e escreve ao Presidente da Província, colocando-se à disposição da Pátria. Em 15 de agosto de 1865, parte para os campos de batalha, onde dois de seus irmãos também lutavam. Improvisa hospitais e não mede esforços no atendimento aos feridos. Após cinco anos, retornou ao Brasil, foi acolhida com carinho e louvor como a Mãe dos Brasileiros, recebeu uma coroa de louros e Victor Meireles pintou sua imagem, que foi colocada no edifício do Paço Municipal, no Rio de Janeiro. O governo imperial lhe concedeu uma pensão, além de medalhas humanitárias e de campanha. Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880. A primeira Escola de Enfermagem fundada no Brasil, no Rio de Janeiro, recebeu o seu nome.
Na atualidade, a Enfermagem tem seu espaço de destaque nos serviços de saúde, gerenciando unidades e coordenando um trabalho de equipe fundamental para a promoção, recuperação e reabilitação em saúde.
12 de maio é o dia do Enfermeiro, e na Semana da Enfermagem fica a minha homenagem, admiração e respeito por todos os meus colegas Auxiliares, Técnicos e Enfermeiros. Parabéns a todos nós!
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